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Conheça o Real Digital – a nova moeda brasileira

Agora o Brasil terá uma moeda digital, e apesar de muitos estarem associando-a à criptomoeda, ela será diferente. Uma vez que este será um sistema que contará com dois tipos de moeda. A saber, o real digital, moeda de atacado destinada a pagamentos entre instituições financeiras que tenham a autorização e BC. Enquanto que, a outra moeda destina-se ao varejo e chama-se real tokenizado, este chegará ao consumidor.

A novidade foi anunciada algumas semanas atrás e já tem seu lançamento previsto para o final de 2024. Muitos especialistas desde então, vem debatendo o assunto, já que não há necessidade de conta em banco para utilizar a nova moeda, o que resultará em avanço, mas também desafios para a população.

Segundo o especialista em Tecnologia e inovação, Artur Igreja, tornar o real tokenizado possibilita transações diretas entre indivíduos. Para ilustrar, o especialista usa o seguinte exemplo: na Califórnia, é possível tokenizar o documento de um veículo, o que significa que, ao vender o veículo, o proprietário pode facilmente realizar a transferência do titular sem precisar recorrer a terceiros. Com a tokenização, o próprio indivíduo pode acessar o documento do automóvel e controlar a transferência de maneira simples e ágil.

Em relação a criptomoedas, a diferença principal entre as duas é o fato de que a moeda digital brasileira será regularizada. Diferente das criptomoedas, como Ethereum e o famoso Bitcoin, que não contam com regulamentação, outro detalhe é que a moeda digital do Brasil terá o seguinte valor: 1,00 real.

O head da área de inovação do VBD Advogados, Yuri Nabeshima, explica que o intuito do Banco Central ao lançar uma moeda digital é complementar o sistema financeiro atual e oferecer uma nova forma de moeda para transações.

Assim, o real digital distingue-se das criptomoedas, pelo fato de necessitar do aval das instituições brasileiras e também de uma paridade com dinheiro em espécie.  Em outras palavras, você só conseguirá emitir a moeda digital brasileira se houver uma reserva similar. Logo, é possível notar que a moeda digital não é a criação de um sistema financeiro novo, mas a implementação de uma nova moeda.

Projeto-piloto do Banco Central

O projeto-piloto do Banco Central tem como foco desenvolver a infraestrutura necessária para promover melhorias na elaboração da moeda virtual. Atualmente, a moeda digital brasileira está sendo chamada pela instituição de “Pix dos serviços financeiros”.

Segundo o plano, o BC, juntamente com agentes do mercado, realizou transações simuladas para testar a eficácia da nova moeda antes de implementá-la de forma oficial. Vale destacar que o principal objetivo desta criação é tornar as transações mais simples e reduzir os custos.

Cronograma de implantação

O Banco Central do Brasil planeja realizar, com participantes do mercado, um workshop em abril de 2023, para debater as diretrizes do projeto. Em maio do mesmo ano, as instituições financeiras, que participaram de forma ativa no projeto, serão selecionadas, contudo, ainda não foram definidas as regras para a escolha dos participantes.

Espera-se que tanto o real digital quanto o real tokenizado estejam bem acompanhados até dezembro de 2023. Estão previstos para começar em fevereiro de 2024, os testes de transações envolvendo compra e vendas de ativos no Tesouro Direto.

Em março de 2024, o projeto-piloto passará por uma avaliação final, para compreender o que funcionou bem e que precisa ser ajustado. O lançamento do real digital ao público brasileiro está previsto para o final de 2024, mas ainda não há uma data definida.

Ainda segundo Arthur Igreja, a transação de compra ou venda de um título geralmente leva alguns dias para quitar, mas com o uso do real tokenizado, isso poderá ocorrer em questão de horas, tornando-se semelhante ao processo do Pix.

Como a moeda digital brasileira irá funcionar?

Apesar de ainda ser incerto dizer quais tipos de serviços surgirão após a implantação do real brasileiro, especialistas afirmam que as instituições financeiras, terão um papel importante, já que deverão criar soluções novas e diferentes para o uso da moeda. Segundo Fábio Araújo (Coordenador do projeto) o BC tem a responsabilidade de regulamentar a ferramenta, mas, será o mercado que dará o norte a novas formas de implementação.

Ainda segundo Nabeshima, uma das funcionalidades da moeda digital brasileira é a possibilidade de ser utilizada em pagamentos através das tão populares carteiras digitais. Além disso, outra possibilidade é a utilização de “contratos inteligentes”.

Estes contratos possibilitam a programação de transações e pagamentos que podem ser iniciadas a partir de objetos, como por exemplo, na venda de um veículo. Essa tecnologia pode trazer muitas vantagens em termos de automação e agilidade nas transações comerciais.

E o dinheiro em espécie? Sairá de circulação?

De acordo com Nabeshima, o dinheiro físico terá sua circulação diminuída, todavia, não desaparecerá completamente. O head lembra que a moeda em espécie já vem tendo seu uso reduzido por conta do uso do pix e também do confinamento ocasionado pela pandemia do COVID 19.

Embora seja uma tendência que já esteja em desenvolvimento, a substituição do dinheiro físico pelo digital não foi atendida imediatamente, e também não será impulsionada apenas pelo uso da moeda digital brasileira, se de fato isso acontecer. As mudanças nas formas de transações financeiras estão em constante evolução, graças às tecnologias e inovações, mas a transição para uma economia totalmente digital ocorrerá de forma gradual.